Um século de fé, conquistas, participação na vida comunitária e na obra de evangelização Hoje, na capital, começa a exposição “Centenário da Arquidiocese de Belo Horizonte, histórias e trajetórias”, que conta um pouco da história iniciada em 11 de fevereiro do Papa Bento XV (18541922).
Aberta até 13 de fevereiro, no Museu Mineiro, no Circuito Cultural Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul, a mostra reúne documentos, fotos, paramentos e outros registros sobre a preservação de bens ligados à religiosidade e à cultura mineira.
Organizada pelo Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte, em parceria com o Museu Mineiro, equipamento cultural do governo de Minas, a exposição permite uma viagem no tempo, oportunidade para contemplar a trajetória da arquidiocese desde 1921.
Para o arcebispo metropolitano e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, “o olhar reverente para a história centenária da arquidiocese é um exercício que revigora o coração de todos nós”.
Ele diz que “inspirados no caminho percorrido por muitas pessoas que nos precederam ao longo de 100 anos, somos desafiados a dar novos passos, avançando na missão de construir um mundo melhor, mais justo, solidário e fraterno”.
A coordenadora do Memorial, Maria Goretti Gabrich, lembra que a história da Arquidiocese de BH se confunde com a da capital, que completou 124 anos no domingo, sendo, portanto, de interesse de moradores e visitantes o conhecimento sobre o período. Na tarde de ontem, uma equipe montava a exposição, que tem curadoria do padre Marcelo do Carmo e projeto museográfico da museóloga da arquidiocese, Rayane Rosário.
Abordagens
Na exposição, os organizadores optaram por três abordagens narrativas. Na primeira, há painéis com fotos e textos que detalham o itinerário da Arquidiocese de Belo Horizonte desde sua criação, com registros das primeiras comunidades de fé da nova capital mineira. A história também é contada por meio de indumentárias que vestiram os quatro arcebispos metropolitanos nestes 100 anos: dom Antônio dos Santos Cabral, que exerceu o governo pastoral da Arquidiocese de 1922 a 1967, dom João Resende Costa, de 1967 a 1986, dom Serafim Fernandes de Araújo, de 1986 a 2004, e dom Walmor Oliveira de Azevedo, atual arcebispo metropolitano desde 2004.
A terceira narrativa está no mapa da Arquidiocese de BH, com a área de abrangência, a sede na capital e território composto por quase 300 paróquias e 1,5 mil comunidades de fé, em 28 municípios. Além da capital, fazem parte os seguintes municípios da Grande BH: Belo Vale, Betim, Bonfim, Brumadinho, Caeté, Confins, Contagem, Crucilândia, Esmeraldas, Ibirité, Mário Campos, Nova União, Lagoa Santa, Moeda, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Piedade dos Gerais, Raposos, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Rio Manso, Sabará, Santa Luzia, São José da Lapa, Sarzedo, Taquaraçu de Minas e Vespasiano. Cinco regiões episcopais integram seu território: Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Esperança, Nossa Senhora da Piedade e Nossa Senhora do Rosário.
Em nota, a arquidiocese informa que, com o trabalho de bispos, padres, religiosas, religiosos e de todos os fiéis, desenvolve intenso processo de evangelização e amparo aos mais necessitados – só no último ano, as iniciativas solidárias promovidas pela Igreja realizaram 574,8 mil atendimentos. A instituição reúne ações de saúde, educação, cultura, serviço social e comunicação.
Serviço
– Exposição “Centenário da Arquidiocese de Belo Horizonte, narrativas e trajetórias”
– Local: Museu Mineiro, até 13 de fevereiro.
– Visitação: Entrada gratuita, de segunda a sexta-feira, das 12h às 19h, sábado e domingo, das 11h às 17h.
– Endereço: Avenida João Pinheiro, 342, Bairro Funcionários, em Belo Horizonte.
Centenário de fé
1921 – Em 11 de fevereiro, o Papa Bento XV, por meio da “Constituição Apostólica Pastoralis sollicitudo”, cria a Diocese de Belo Horizonte. A Matriz Nossa Senhora da Boa Viagem é elevada a catedral. Em novembro do mesmo ano, é nomeado o primeiro bispo, dom Antônio dos Santos Cabral (1884-1967).
1922 – Em 30 de abril, dom Cabral é recebido com um grande cortejo, que percorre as ruas da capital até a Igreja São José, anunciada como catedral provisória até que a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, ainda em obras, pudesse receber fiéis.
1923 – Em 8 de dezembro, a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem é oficialmente inaugurada durante a Festa da Imaculada Conceição.
1924 – A Diocese de Belo Horizonte é elevada a Arquidiocese pelo Papa Pio XI. Dom Antônio dos Santos Cabral se torna arcebispo.
1932 – Nossa Senhora da Boa Viagem é oficializada padroeira de Belo Horizonte pelo Papa Pio XII. Sagração da nova Matriz Nossa Senhora da Boa Viagem, durante a Festa da Padroeira de BH, em 15 de agosto.
1936 – De 3 a 7 de setembro, é realizado, em BH, o 2º Congresso Eucarístico Nacional, no qual foram apontadas reformas para a Igreja Católica.
1937 –Dom Cabral inicia a construção da Catedral Cristo Rei, onde hoje é a Praça Milton Campos.
1958 – Em 12 de dezembro, é fundada a então Universidade Católica de Minas Gerais. A concessão do título de “pontifícia”, reconhecimento do Vaticano às universidades católicas tradicionais, com sólidas contribuições para a sociedade, ocorre em 1983
1967 – Em 15 de novembro, começa o ministério do segundo arcebispo metropolitano de BH, dom João de Resende Costa (1910-2007)
1960 – Em 31 de julho, na Praça da Liberdade, em BH, multidão festeja a consagração de Nossa Senhora da Piedade como padroeira de Minas. Dois anos antes, ocorrera a proclamação, em Roma, pelo Papa João XXIII, atual São João XXIII
1980 – Na manhã de 1° de julho, o Papa João Paulo II, atual São João Paulo, celebra missa campal para 1 milhão de pessoas em BH. O local ficou conhecido como
Praça do Papa
1986 – Em 5 de fevereiro, dom Serafim Fernandes de Araújo (1924-2019) se torna o terceiro arcebispo metropolitano de BH. Doze anos depois (18/01/1998), é nomeado cardeal pelo Papa João Paulo II
2004 – Em 26 de março, dom Walmor Oliveira de Azevedo começa seu ministério como o quarto arcebispo metropolitano de BH.
2006 – Em 15 de junho, dia de Corpus Christi, no estádio do Mineirão, em BH, ocorre a cerimônia de beatificação de Padre Eustáquio (1890-1943).
2010 – Durante a Festa pela Consagração de Minas Gerais a Nossa Senhora da Piedade, começa amplo trabalho de revitalização do Santuário da Padroeira de Minas, no alto da Serra da Piedade, com reflexo no exponencial aumento das peregrinações. A média de visitantes subiu, de 30 mil para aproximadamente 500 mil a cada ano.
2011 – Um século apos a instalação da pedra fundamental da nova Matriz Nossa Senhora da Boa Viagem, é abençoada a pedra fundamental da Catedral Cristo Rei, com a iluminação de sua cruz.
2013 – Em 4 de novembro, começam as obras da Catedral Cristo Rei, com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012).
2017 – Em 19 de novembro, o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, apresenta o decreto do Papa Francisco que torna basílicas a ermida do século 18 e a Igreja Nova das Romarias, no Santuário Nossa Senhora da Piedade, alto da Serra da Piedade, em Caeté, na Grande BH.
2018 – Inaugurado, no Bairro Dom Cabral, no dia 8 de junho, o Convivium Emaús, nova sede do Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus. O Convivum reúne ainda a Cúria da Região Episcopal Nossa Senhora da Esperança (Rense), a Casa Santo Cura D’Ars, dedicada aos padres idosos, iniciativas da Pastoral Presbiteral e de trabalhos de formação dedicados aos fiéis leigos.
2019 – Dom Walmor é eleito presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
2021 – Em 11 de fevereiro, ocorre a transferência do título de igreja-catedral para a Cristo Rei, em cerimônia presidida por dom Walmor.